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O João, o Feijoeiro e o Rapaz de Bronze

Feira de Contos
Projecto 6º A
João, o feijoeiro e o Rapaz de Bronze

Cena I

Abre-se o pano, vê-se um feijoeiro e uma janela

Narrador – Certo dia a mãe do João mandou-o à loja buscar arroz, mas ele enganou-se e trouxe um punhado de feijões.
Quando chegou a casa a mãe muito zangada disse-lhe para ele ir plantar os feijões, tirou o avental e foi ela comprar o arroz que precisava para o jantar.
Na manhã seguinte…

Entra o João e olha muito admirado para o feijoeiro.

João- Mãe| (chama) Ó mãe! Venha cá ver isto! Depressa! Não pára de crescer! Mãe! Ó mãe!

Ouve-se a voz da mãe.
Mãe – Mas que é lá essa gritaria! Para que gritas tu assim? Está algum extra terrestre a chegar de outro planeta? _ a mãe entra em cena

João – Venha, venha ver mãe! Já viu o que é isto?

Mãe – Isto (hesitante)… parece … parece…

João – E está a sair do sítio onde eu ontem deitei os feijões à terra!

Mãe – Pois… parece mesmo um feijoeiro! Mas que grande! Olha João, afinal parece que vamos ter uns belos de uns feijões.

Saem de cena


Cena II

Ouve-se a voz do narrador – Dois dias depois …

Mãe ( ouve-se a voz ) – João, novamente a fazeres asneiras! Tu não ouves o que te digo? Ai, agora vou pôr-te de castigo!

João – Vou esconder-me. (olha para o público e pergunta) Acham que o feijoeiro aguenta comigo?
João finge que trepa ao feijoeiro

João- Ufa, afinal este feijoeiro parece uma árvore e é tão alto! Já vejo as nuvens. Olá… parece que cheguei a um jardim.

Projecção do jardim do Rapaz de Bronze.

Narrador – (entra, vira-se para o público, traz um livro na mão, senta-se no meio do palco, e lê)

Era uma vez um jardim maravilhoso, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos. Havia nele roseirais, jardins de buxo e pomares. E ruas muito compridas, entre muros de camélias talhadas.
E havia nele uma estufa cheia de avencas onde cresciam plantas extraordinárias que tinham, atada ao pé, uma placa de metal onde o seu nome estava escrito em latim.
Ora, num dos jardins de buxo havia um canteiro de Gladíolos ....

João – Olha, olha um jardim tão bonito. Vou saltar e ver se aguenta comigo. (Dá dois saltos)
É tal e qual o meu quintal, sólido e seguro.

Entra o Gladíolo, desempoeirado e logo a falar para o público com um ar muito vaidoso e afectado

Gladíolo – Que inveja! O jardineiro colheu os meus irmãos para irem para uma festa, mas a mim não.
(Olha para si, admira-se) e – Sou um bonito Gladíolo!

Entretanto no palco, quando o narrador tinha entrado já lá estavam a Glicínia e outras flores

Glicínia – Os Gladíolos estão na moda. Estão sempre a ser colhidos. Ainda são mais colhidos do que as rosas e os cravos. Nós, as Glicínias, nunca somos colhidas porque somos muito difíceis de pôr numa jarra.

Ouve-se a voz de uma mulher

Mulher – Não quero que colhas mais gladíolos este ano. Estou farta de Gladíolos!

João – Mas porquê? Os Gladíolos são tão bonitos numa jarra! A minha mãe gosta muito.

Gladíolo – Que tristeza, que raiva, que pouca sorte! Logo agora a dona da casa se havia de se lembrar de não querer mais gladíolos. Bem, vou à estufa! Vou ver a Orquídea e a Begónia!

Cena III

Muda a cena
Agora estamos numa estufa

Begónia e Orquídea – Então não foste colhido?

Gladíolo – Não, a dona da casa acha que os gladíolos fazem muita falta no jardim e deu ordem ao jardineiro para não os cortar! Mas em contra partida arranjei um amigo. Olhem apresento-vos o João Feijão.

Orquídea – Óptimo, íamos sentir muito a tua falta. Bem-vindo seja, João!

Begónia – Já estávamos cheias de saudades! E ainda bem que temos um novo amigo. Parece o Rapaz de Bronze.

Gladíolo- Obrigado, obrigado, minhas amigas !

Gladíolo – Vou espreitar a casa, o jardineiro disse que hoje havia visitas, pode ser que o João conheça alguém.


Cena IV

Jardim com um Carvalho e um grande palacete

Carvalho – Olá Gladíolo, então ainda não te colheram?

Gladíolo - Não, não posso ser colhido, faço falta no jardim.

Carvalho – Vieste espreitar a festa? Quem é esse?

Gladíolo – É o João Feijão.

(Gladíolo sobe para cima de um banco como se fosse um tronco)

Gladíolo – Que luxo! Que elegância! Que riqueza! Estás a ver João?

João - Sim ! Que luxo!

Carvalho – Eu sou muito velho, há muitos anos que estou aqui em frente desta janela, tenho visto tantas festas que já nenhuma me espanta.

Gladíolo – Que vida extraordinária! - (suspirando) Tenho uma ideia!

Carvalho – Sim?

Gladíolo – Vou dar uma festa!

Carvalho – Uma festa?

Gladíolo – Sim uma festa de flores igual às festas das pessoas. Vou dar uma festa à noite aqui no jardim.

Carvalho – Talvez. Mas é preciso saber se o Rapaz de Bronze dá licença.

Gladíolo – É verdade. Vou já falar com ele. Vamos João!

Saem de cena.

Cena V

Rapaz de Bronze – ( alto e verde, está quieto como se fosse uma estátua)
– Olá que vêm vocês fazer a este local solitário?

Gladíolo – Preciso de te pedir um favor. Quero que me dês licença para eu organizar uma festa. Uma festa aqui no jardim, uma festa de flores igual às festas das pessoas.

Rapaz de Bronze – Uma festa igual às dos homens? Mas para quê? Nós não precisamos de mais festas. Para nós tudo é festa : é uma festa o orvalho da manhã, é uma festa a luz do sol, é uma festa a brisa da tarde, é uma festa a sombra da noite. As flores não precisam de outras festas. E eu também não.

Gladíolo – Uma festa para nos divertirmos.

Rapaz de Bronze – Ai Gladíolo, pareces a Dona da Casa. Ela não sabe passear no jardim, nem repara na brisa da tarde, nem olha para as estrelas da noite. Só quer festas com muitas pessoas e muito barulho. Quando está sozinha murcha!

Gladíolo – Se eu não for a uma festa fico muito infeliz! Deixa-me organizar uma festa.

Rapaz de Bronze – Não estejas triste! Endireita as tuas pétalas. Podes fazer a festa.

Gladíolo - (curvando-se como uma vénia) – Obrigado. A festa pode ser depois de amanhã à noite?

Rapaz de Bronze – Pode. É noite de lua cheia.

Gladíolo – Obrigado. Tenho muito que fazer, vou-me embora depressa.

Sai a correr

... ouve-se vento. Muda a cena

Cena VI

Continua a ouvir-se o vento
Nova cena com um aspecto de um jardim


Gladíolo – Vento, tenho pressa. Leva-me à estufa.

Begónia – O que é isto?

Orquídea – O que é que aconteceu?

Gladíolo – (aos gritos) Tenho uma notícia! Tenho uma notícia!
_ Vamos dar uma festa! O Rapaz de Bronze deixa!

Begónia – Temos de ter uma Comissão Organizadora.

Orquídea – Claro! Mas quem irá formá-la?

Gladíolo – Nós os três! E...

Begónia - ...e a Rosa!

Gladíolo – Não, a Rosa não! É uma flor muito fora de moda.

Begónia – Não pode ser! A Rosa tem de fazer parte.

Orquídea – É absolutamente indispensável que a Rosa faça parte da Comissão.

Gladíolo – Pronto! A Rosa, e a Tulipa!

Orquídea – Claro a Tulipa não podia faltar, mas também precisamos do Cravo.

Begónia – Então já temos a Tulipa, a Rosa, o Cravo e nós os três.

Gladíolo – Parece-me bem! Já se está a fazer tarde!

Orquídea – Então Gladíolo, mandas recado à Rosa, ao Cravo e à Tulipa.

Begónia – Não te esqueças! Pede ajuda às Borboletas.


O Gladíolo sai de cena.
Muda o cenário

Cena VII

Entra o Gladíolo

Rapaz de Bronze – Então a festa?

Gladíolo – Já se organizou a Comissão de Organização.

Rapaz de Bronze – Óptimo!

Gladíolo – O tempo está bom! Nem uma aragem de vento arranjei para me trazer aqui.

Rapaz de Bronze – Vais ter uma noite maravilhosa para a tua festa.


Entram o Cravo e a Rosa

Cravo e Rosa – Boa noite!

Rapaz de Bronze e Gladíolo – Boa noite!
Entram a Orquídea e a Begónia e dizem - Boa Noite!

Gladíolo – Boa noite! Falta a Tulipa.

Cravo – A Tulipa está sempre atrasada.

Gladíolo – (espreitando as sombras para ver se vinha a Tulipa) – Espero que não tenha havido confusão de recados. As Borboletas são tão tontas!

Cravo – Oiço passos.

Gladíolo – São só as folhas! Com certeza que houve confusão de recados.

Rosa – A Tulipa nunca chega a horas, mas vem sempre. Não te aflijas!

Tulipa – Desculpem, mas estava à espera do vento da noite para ele me trazer à garupa pelo ar, mas o vento da noite não apareceu. Por isso atrasei-me.

Gladíolo – Não tem importância nenhuma, minha querida amiga. Vamos, já começar a reunião. Creio que o primeiro problema é saber quais as famílias que devem ser convidadas. Eu tenho uma lista de quarenta famílias.

Tulipa – Na minha lista, só tenho trinta e seis famílias.

Cravo e Rosa – Oh!!!

Cravo – Não compreendo!

Rapaz de Bronze – Eu também não!

Rosa – Eu pensava que se convidavam todas as flores.

Tulipa – Temos de escolher as flores mais bonitas, as mais célebres, as de melhor qualidade.

Rapaz de Bronze – Todas as flores são bonitas.

Gladíolo – Mas há algumas flores que não são bem flores.

Rapaz de Bronze – (muito zangado) – Todas as flores são flores.

Begónia – Hem? O Tojo e a Urze também são flores?

Rapaz de Bronze – O Tojo e a Urze são flores maravilhosas porque as flores são maravilhosas. Mas um Tojo e um Nardo são diferentes e é por isso que o mundo é tão bonito. Eu sou o rei do Jardim. Quero que sejam convidadas todas as flores.

Gladíolo – (suspirando) – O segundo problema é este onde é que há-de ser a festa?

Cravo – Ah! Tenho uma ideia: na Clareira dos Plátanos.

Gladíolo – O terceiro ponto a combinar é a orquestra.

Begónia – Rãs! Uma orquestra de rãs.

Cravo – Cucos e pica-paus.

Rosa – Rouxinóis.

Cravo – Melros, moscardos, sapos-tambores.

Gladíolo – Creio que o melhor, será cantarem todos. Será uma orquestra magnífica e completa.

Todos concordaram

Gladíolo – Agora temos de combinar a ornamentação da sala.

Rapaz de Bronze – Não é preciso ornamentação. As árvores e as estrelas não precisam de ser enfeitadas.

Tulipa – Mas eu tenho uma ideia.

Rapaz de Bronze – Diz lá !

Tulipa – Pôr uma fileira de pirilampos à roda do lago.

Rapaz de Bronze – Estou de acordo.

Orquídea – E na jarra de pedra o que se há-de pôr? Não pode ficar vazia. É feio uma jarra vazia.

Rosa – Ah!

Gladíolo – Ah!

Begónia – Ah!

Cravo – Ah!

Tulipa – Na jarra põem-se flores.

Rosa ( indignada) – Flores! Flores somos nós!

Cravo ( muito zangado) – Esta não é uma festa de pessoas, é uma festa de flores.

Tulipa – Mas numa jarra tem que se pôr qualquer coisa. Uma jarra não pode ficar vazia.

Rapaz de Bronze – Ah! Se as pessoas, nas festas de pessoas põem flores nas jarras, as flores nas festas devem pôr pessoas nas jarras.

Gladíolo – Hem?

Rapaz de Bronze – Temos de pôr uma pessoa na jarra de pedra.

Rosa – Mas que pessoa?

Rapaz de Bronze – Uma pessoa que seja como uma flor. Eu conheço uma pessoa que é como uma flor.

Todos – Quem?

Rapaz – A Florinda.

Rosa, Cravo, Begónia, Tulipa, Orquídea e Gladíolo – Bravo, bravo, queremos a Florinda.

Gladíolo – Bravo, a filha do jardineiro. Ela parece uma flor. Estamos todos de acordo e está tudo combinado.


Saiem de cena

Cena VIII


Muda de cena – é de noite - Casa da Florinda

Florinda – (acorda) – Que bem que canta este rouxinol !

Rouxinol – Florinda, queres vir a uma festa maravilhosa?

Florinda – Quero.

Rouxinol – Então vem comigo.


Slide da floresta

Florinda – Parece-me que tenho medo. É de noite.

Rapaz – Não tenhas medo. Eu tomo conta de ti.

Florinda – Ah! És o Rapaz de Bronze. Eu pensava que tu não sabias falar, pensava que eras uma estátua.

Rapaz de Bronze – De dia sou uma estátua. Mas de noite sou uma pessoa e sou Rei deste jardim.

Florinda – Então leva-me contigo a ver a festa. (vão andando no palco, para chegarem à cena onde ocorre a festa – muda o slide)

Clareira

Rapaz de Bronze – A festa é aqui mas ainda não começou.

(luzes à volta do lago – são os pirilampos)

Florinda – Que lindo !

Rapaz de Bronze – O teu lugar é ali ( e mostra à Florinda a jarra de pedra)

Florinda – Ali, porquê?

Rapaz de Bronze – Porque pareces uma flor.

Florinda - ( rindo) – Então põe-me na jarra. Vai começar a festa?

Rapaz de Bronze – Vai.

Entra o Gladíolo

Florinda – A noite é fantástica e diferente.

Rapaz de Bronze – A noite é o dia das coisas. É o dia das flores, das plantas e das estátuas. De dia somos imóveis e estamos presos. Mas de noite somos livres e dançamos.

Gladíolo – Para no centro da clareira em frente da jarra de pedra.

Florinda – Olá, Gladíolo, gosto muito de te ver a caminhar como uma pessoa.

Gladíolo – E eu gosto muito de te ver numa jarra como uma flor.

Florinda – Olhem, olhem.

Entram todas as flores e dançam, dançam. Arranjar uma música

Florinda – Ah!

O Rapaz de Bronze está sentado junto da Florinda. João está sentado no chão e olha para tudo muito admirado.

Florinda – As danças das flores são extraordinárias e diferentes. Eu dantes não sabia que as flores dançavam. Na escola ensinam-me muitas coisas. Mas isto não me tinham ensinado.

Rapaz de Bronze – Não te ensinaram porque não sabiam. Poucas pessoas sabem destas coisas.

Florinda – Ah!

Rapaz de Bronze – ( para o Gladíolo) – Porque é que não danças?

Gladíolo – Estou preocupado. A Tulipa ainda não chegou. Tenho medo que tenha acontecido alguma coisa.

Rapaz de Bronze – Espera um instante; não lhe aconteceu nada. Já sabes que a Tulipa chega sempre atrasada.

A Tulipa chega vestida de amarelo.
O Gladíolo corre para ela e pede-lhe para dançar. Ela recusa e vai-se sentar.

Outras flores convidam a Tulipa para dançar e ela recusa.

Esta parte é feita com gestos. Todas se afastavam dela, mas o Gladíolo senta-se ao lado dela e conversam, mas ela não lhe liga.

Florinda (para o Rapaz de Bronze) – Sabes em frente da minha janela há uma tília. No Verão durmo de janela aberta, e antes de adormecer olho para a tília. E oiço as suas folhas a conversar. Mas se conto isto às pessoas elas dizem que é só o vento.

Rapaz de Bronze – Florinda vou-te ensinar um grande segredo: quando vires uma coisa acredita nela, mesmo que todos digam que não é verdade.

As flores dançam.

Florinda – Nunca, nunca vi uma festa tão bonita! Tudo aqui é fantástico e diferente. As flores estão vivas: caminham, falam e dançam. E eu sou uma flor.

Aparece o Galo – canta

Rapaz de Bronze – É o galo, é o canto do galo anunciando o fim da noite.

As flores, tudo sai a correr do palco.

Florinda – Ah! As flores fugiram!

Rapaz de Bronze – Cantou o galo, vai nascer o dia. As flores voltaram para os seus canteiros.

Florinda – Que estrela é aquela, tão bonita e tão brilhante?

Rapaz de Bronze – É Vénus, a estrela da manhã.

Florinda – Rapaz de Bronze, conta-me as histórias das estrelas. ( adormece)

Rapaz de Bronze olha para a Florinda adormecida e diz:
- Adeus Florinda.

Cena IX

Passaram anos
No mesmo jardim de anos antes

Florinda (com um cesto na mão) – Logo hoje a mãe me havia de mandar à casa grande, e já é tão tarde!

Vai andando pelo parque

João – Florinda, lembras-te de mim?

Florinda – Ah! Lembro-me, lembro-me do ti!

João – Lembras-te da festa das flores e da clareira e da noite de primavera e do Rapaz de Bronze?

Florinda – Lembro-me, lembro-me de tudo agora. Mas, eu pensava que era um sonho. Pensava que tudo o que eu tinha visto era extraordinário demais e não podia ser verdade.

João – As coisas extraordinárias e as coisas fantásticas, são também verdadeiras. Porque há a noite e o dia e a nossa imaginação leva-nos onde o sonho quiser!

O João e a Florinda dão as mãos e saem de cena.








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