A Herança
Vou contar-vos a história do meu avô
António, um homem trabalhador, mas com pouca sorte na vida, ou então não. O seu
sonho era construir um carro voador e até conseguiu pôr no papel algumas
ideias, mas ninguém lhe prestou atenção. Ele trabalhava numa pequena oficina situada
nos arredores de Roma há já muitos anos e havia muito trabalho naquela zona. Ainda
assim, sabia que a possibilidade de construir um carro voador só aconteceria se
ele conseguisse trabalho numa grande oficina na capital.
Um senhor da aldeia onde trabalhava
deixou-lhe um carro antiquíssimo como herança. O meu avô até me disse que na
altura resmungou:
– Para que é
que eu quero esta lata velha?! Nem sequer consigo chegar ao centro de Roma com
isto! Bem, sempre posso vender as peças...
Sozinho, o meu avô começou a
desmontar o velho carro um pouco contrariado. Estava a perder tempo a desmontar
algo enquanto podia estar a montar o seu carro voador. Irritado, levanta a
cabeça de repente e bate com a nuca na porta do porta-bagagens! Qual não é o
seu espanto, cai em cima do seu recente galo, um porta-projetos de metal!
– Ai! Mas
que raio… o que é que me acertou? Quer dor horrível! – gritou o meu avô
chateado, mas ao mesmo tempo atordoado.
Quando olhou para trás, viu um género de um tubo preto com uma etiqueta que dizia: “Prototipo di un'auto volante”. Incrédulo, o meu avô, com as mãos a tremer, abriu-o e chorou de alegria.
– Não acredito... não acredito! Isto é mesmo real? Serão desenhos falsos? Não é possível... – murmurava o meu avô.
O meu avô contou-me que os escondeu na sua cave e que os testou até ter a certeza que eram verdadeiros. Na realidade, o carro que o senhor lhe deixou de herança, era o carro voador que o meu avô sempre sonhara construir. Só tinha de trocar as peças de lugar, comprar outras tantas e um líquido especial para que fosse possível voar.
Depois de tantos anos a desenhar o carro voador e a trabalhar de sol a sol sem que o seu trabalho fosse reconhecido, finalmente o meu avô teve o seu momento de glória pelos céus.
Quando terminou de me contar esta história, na cama do hospital, disse-me de lágrimas nos olhos:
– Quem espera, sempre alcança. Adoro-te, meu querido neto.
O meu avô morreu, mas deixou-me o seu sonho: o seu carro voador. E eu vou seguir as suas pegadas, na oficina que abrimos juntos, mesmo no centro da capital.
Moral
da história: “Quem
espera, sempre alcança”
e foi o que o avô António fez durante toda a sua vida, até receber de herança
aquele carro que era como um sonho tornado realidade.
Miguel
6ºC
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